25/12/2008


A PAZ

Ela saiu de casa naquela manhã para cobrir, na periferia da cidade, uma passeata em favor do desarmamento, da paz e da não violência. Talvez tenha se emocionado em algum momento do cortejo em que muitas famílias lamentam os seus mortos, filhos da violência, mas talvez não, talvez tenha se preocupado apenas com o melhor ângulo de suas fotografias, a melhor expressão da pobreza, tristeza e miséria. Foi quando a estética e a importância da informação se transformaram em contraditória realidade: sua câmera e a bolsa de acessórios foram violentamente puxadas e, por ter instintivamente resistido, ainda levou um golpe violento no braço, o que a fez chorar, talvez de dor, talvez de ódio, talvez por assustar-se com a fragilidade da paz.


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