FÉRIAS

Das férias de um trabalhador paulista nas praias do sul quase nada se leva. A delícia dos dias, dos banhos de mar, dos passeios pela mata, a pé ou de bicicleta pela orla e até a delícia do mergulho nas águas geladas de um rio, de uma cachoeira ou a relíquia de uma visão ou aroma da floresta, tudo parece apenas compor a recompensa merecida de um ano inteiro de trabalho. Mas há uma passagem que impulsiona até o mais humano dos humanos a transcender: caminhar pela praia deserta à noite, quando quase tudo já dorme, afastar-se das luzes que iluminam a cidade e a razão cotidiana, mergulhar na imensa e bela treva salpicada de diamantes infinitos que se integram aos grãos que massageiam as solas de nossos pés, tudo embalado pela música portentosa e delicada do nosso amigo, o mar, que canta enquanto carinhosamente nos lambe os pés e inunda a brisa com perfumes das profundezas, como se nos soprasse aos ouvidos a delícia do existir.